quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O céu é o limite

Eu queria poder voar.
E eu queria uma lamborghini.
Não lembro de você ter interesse em carros de luxo.
Não tenho, mas ter um carro desses implica que eu poderia queimar dinheiro se quisesse, então eu quero dizer que queria ser podre de rico.
Você podia dizer que queria ser podre de rico então.
Eu poderia fazer isso, como eu poderia fazer muitas coisas na vida. Mas o fato aqui é que eu não posso nem voar, nem sou rico, ou podre.
Eu suponho que essa última é uma coisa boa. E quem queria voar era eu.
Cara. Quem sou eu?
Uh. Outra crise existencial?
...Eu sou você. Lembra? Dupla personalidade?
O que isso tem a ver?
Me explica como você poderia voar e eu não.
Ah, isso.
Pois é, esse detalhe.
Suponho que seja um ponto válido a se questionar.
E então?
Você é um cara mal, então não teria asas.
Você quer dizer que é bom. Bom o bastante pra ser um anjo.
Não diga besteira. Eu seria um grifo.
Um o quê?
Sabe, metade águia, metade leão.
Engraçado, eu perdi a parte em que seres humanos eram grifos.
Bom, se você tivesse lido Harry Potter...
Eu li. Você deveria saber disso porque você leu.
...bom, você deve saber da existência dos hipogrifos, que são metade águia e metade cavalo. Eu estou me reservando ao direito de inventar outros tipos de grifo.
Nossa. Claro que você pode fazer isso.
Ah, é mitologia, se é tudo inventado, eu posso inventar mais.
Por que é assim que mitologia funciona.
É exatamente assim, obviamente.
Bom, pelo menos explica porque isso me impede de voar.
É que você é a metade leão.
Ah, claro, que tolice a minha. Isso estava óbvio.
Certamente que estava. Eu ganharia asas quando fosse eu, e presas e garras quando eu... você sabe, deixar de ser eu pra eu pra quando eu fosse ser você.
Isso... isso... seria bem legal na verdade.

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